PRS – Amazônia reúne atores locais em Manaus (AM) para o início da construção de estratégias de fortalecimento das cadeias do pirarucu e da castanha-do-Brasil

Oficinas reuniram atores governamentais, de mercado e OSPs para pensar juntos em como superar os desafios presentes nas duas cadeias

Diálogo, foco e acima de tudo união para construir um plano de fortalecimento das cadeias do pirarucu de manejo e da castanha-do-Brasil. Nos dias 4, 5 e 7 de novembro, foi Manaus (AM) e Tefé (AM) que receberam a equipe do Projeto Rural Sustentável – Amazônia, atores governamentais, de mercado e produtores(as) locais para traçar estratégias conjuntas para o desenvolvimento sustentável e competitivo das duas cadeias. Entre os pontos levantados estavam a importância de fortalecer as organizações socioprodutivas, a venda da produção a preços abaixo do mercado e a complexa logística do estado.

🔎 Conheça o cenário atual 

O Amazonas é o maior produtor da castanha-do-Brasil, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023. E mesmo com os seus desafios logísticos e com a pouca infraestrutura para o manejo e transporte da produção, o estado mantém uma média de mais de 11 mil toneladas de castanha-do-Brasil, que movimenta a economia regional e garante a renda dos coletores e coletoras da região. 

Já quando se fala no pirarucu de manejo, o estado conta com mais de 8,9 mil manejadores(as) amazonenses que unem a geração de renda aos saberes tradicionais e sustentáveis, por meio da captura anual do pescado, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM). No entanto, os manejadores da região têm lidado com a seca severa dos últimos anos, somados aos desafios estruturais, que impactam nas etapas de manejo, pré-beneficiamento e transporte, aumentando os custos da produção. Um outro ponto é a importância de ter ações voltadas à vigilância territorial para impedir atividades ilegais.

Diante desse cenário, as oficinas surgem como uma oportunidade de promover diálogos entre os atores locais sobre os principais desafios, lacunas e oportunidades das duas cadeias produtivas, a partir de dados como esses e dos diagnósticos construídos pelo PRS – Amazônia com as OSPs parceiras no estado.

O primeiro dia foi com o atores governamentais

O primeiro dia da oficina buscou a visão e a contribuição de quem pode promover iniciativas, projetos e políticas públicas capazes de fortalecer todas as etapas que compõem as cadeias produtivas, a partir de alternativas sustentáveis. Estiveram presentes representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF), do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema/AM), da Embrapa Amazônia Ocidental, do Conselho Indigenista Missionário, Instituto Federal do Amazonas (IFAM), da Secretaria de Estado da Produção Rural (SEPROR), do Instituto Mamimaurá, entre outros. 

Um dos pontos abordados durante o primeiro dia foi a logística complexa do estado. Muitas comunidades estão localizadas distantes umas das outras ou até dos principais centros urbanos. Isso acaba encarecendo a produção ou fazendo com que as comunidades vendam seus produtos a preços menores, sem muitas vezes considerar a qualidade e os diferenciais da produção. 

Os atores locais destacaram a importância de elaborar um plano de desenvolvimento para as duas cadeias, que dialogue com os desafios enfrentados no dia a dia pelos produtores e produtoras. Para Vinicius Lopes, chefe da Divisão de Desenvolvimento Rural e representante do MAPA, escutar quem está na base da cadeia produtiva é fundamental para o sucesso das atividades. 

“Nesta oficina, tivemos a grata satisfação de acompanhar a proposta metodológica adotada pelo Projeto para a elaboração dos diagnósticos da Castanha e do Pirarucu, no Amazonas. Ficamos realmente envolvidos com a dinâmica, em que atores ligados às cadeias produtivas foram convidados a colaborar ativamente, permitindo que a versão final do documento seja ainda mais assertiva e representativa, o que é essencial para o sucesso das atividades posteriores”, compartilha Vinícius Lopes.

Roda de conversas com os atores de governo, no primeiro dia de oficina

O segundo dia foi com os atores de mercado

No segundo dia, os atores de mercado entraram em cena compartilhando suas percepções para aprimorar as etapas que vão do cultivo à comercialização. Entre eles estavam a Consultora Ambiental Apoema, Conexsus, Semear, Jutica, Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM) e o Instituto Federal do Amazonas (IFAM).

Ana Carolina, diretora jurídica e Financeira da APOEMA, conta que construir um plano com ações integradas vai ajudar a reduzir custos operacionais que se acumulam ao longo da cadeia e aumentar a eficiência logística – um dos principais desafios mapeados no primeiro dia. “A construção conjunta de um plano de fortalecimento das cadeias da castanha-do-Brasil e do pirarucu de manejo no Amazonas é essencial. Esse esforço promove a troca de conhecimentos e experiências, visa o aprimoramento das boas práticas e a redução de custos operacionais e aumenta a eficiência logística. 

Para a Ana, essa foi uma oportunidade única para instituições públicas, privadas e do terceiro setor compartilharem suas experiências e iniciativas em um mesmo espaço. “É raro reunir todos esses atores para discutir a mesma cadeia produtiva e buscar soluções para os diversos desafios enfrentados no Amazonas. Esses momentos de troca são essenciais para o desenvolvimento de alternativas eficientes e para a construção de estratégias colaborativas que atendam às necessidades específicas da região”, finaliza.

O terceiro dia foi com as OSPs

Um dia repleto de conhecimento e escuta atenciosa marcaram a terceira oficina – desta vez, realizada com organizações socioprodutivas locais das duas cadeias. O propósito foi traçar caminhos para superar os desafios e potencializar a inserção de seus produtos em novos mercados. Na parte da manhã, as oficinas foram com as organizações da castanha-do-Brasil e à tarde com as OSPs da cadeia do pirarucu de manejo. 

Estiveram presentes: a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), Associação dos Produtores Rurais do Setor São José (APSSJ), Associação do Povo Deni do Rio Xeruã (ASPODEX), a Associação agro Extrativista Auati-Paraná (AAPA), a Associação de Produtores Agroextrativistas da FLONA de Tefé e Entorno (APAFE), Associação Comunitária Indígena Nova Esperança do Povo Kokama (ACINEPEK) e marcaram presença no encontro. 

Uma das participantes foi a produtora Maria Santa, da cadeia do pirarucu de manejo, que disse ter ficado feliz por cada aprendizado e por ter sido essa a viagem mais longa que fez na vida. Ela é da comunidade São Raimundo e uma das associadas à ASPROC.“Achei [a oficina] ótima, ganhei novas experiências e novos conhecimentos através da oficina. Coisas que eu sabia, mas não tinha tanta clareza para nós comunitários, como os desafios, mas se Deus quiser a gente vai superar todos eles”, destaca. Ela garantiu que a partir de agora estará nas próximas oficinas. 

Para o presidente da APAFE, Adrimar dos Santos, a oficina foi uma oportunidade de trocar conhecimentos e fortalecer a base cadeia produtiva da castanha.”Pra mim, foi uma troca de conhecimento muito importante. A gente [da ACINPEK] tem uma realidade, em alguns pontos, totalmente diferente da deles [das demais OSPs], e essa troca de experiências fortalece“, finaliza.

Essa  foi a terceira oficina para criar planos de fortalecimento das cadeias produtivas. Os encontros que reuniram atores de governo, de mercados e organizações da base produtiva aconteceram nos três estados de atuação do Projeto e com as seis cadeias produtivas: castanha-do-Brasil, pirarucu de manejo, açaí, cacau, café e peixes redondos.  

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