Dia 21 de março é comemorado o Dia Internacional das Florestas, uma iniciativa criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar a sociedade sobre a importância de todos os tipos de florestas para o equilíbrio do planeta. Neste ano, a data traz como tema “Florestas e Alimentos”, convidando a todos(as) a refletirem sobre o papel desses ecossistemas para a segurança alimentar, a nutrição e o sustento de milhões de pessoas. Neste contexto, o Projeto Rural Sustentável – Amazônia se une a essa celebração reafirmando seu compromisso em fortalecer 18 Organizações Socioprodutivas (OSPs) parceiras e mais 800 famílias produtoras, visando mais renda, qualidade de vida e a conservação da maior floresta tropical do mundo: a Amazônia.
Na floresta, conexão é vida
A floresta influencia nas chuvas, devolve ar puro e abriga milhares de espécies de plantas e animais. Estamos falando da Amazônia, que conta com mais de 5,5 quilômetros de extensão e é composta por cerca de 30 mil espécies de plantas, que trazem cores, texturas e criam um ambiente favorável para a geração de vida (“Bioeconomia amazônica: uma navegação pelas fronteiras científicas e potenciais de inovação”, 2022). De cima, a copa de suas árvores formam um verdadeiro mar verde, onde muitas delas dão frutos que alimentam o Brasil e o mundo, como a castanha-do-Brasil, o açaí, o cacau, o cupuaçu, guaraná e o tucumã.
Juntas, essas plantas também têm a missão de absorver a umidade dos oceanos e do solo e devolver para a atmosfera, ajudando a formar chuvas que abastecem rios, lagos e os lares de cerca de 30 milhões de pessoas que vivem e dependem do bioma. Essa umidade também forma os chamados “rios voadores”, responsáveis por levar vapores de água para outras regiões brasileiras e para outros países da América Latina, contribuindo para a regulação da temperatura do planeta como um todo. Só na região Sul e Sudeste do Brasil, por exemplo, a Amazônia é responsável por 25% das chuvas – segundo um estudo divulgado pela Universidade de São Paulo (USP), em 2022.
Neste sentido, a floresta amazônica desempenha um papel essencial de ser o elo entre as águas, os animais, a história e o conhecimento ancestral dos povos originários e das comunidades tradicionais. É uma sinergia que gera vida e que transparece no equilíbrio do clima do planeta.
Amazônia: conexão entre a natureza e o conhecimento ancestral
Além de toda essa riqueza natural, que posiciona a Amazônia como a floresta mais biodiversa do planeta, há uma diversidade cultural que se expressa na produção de alimentos, na culinária, no artesanato e nas demais atividades de comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e de muitas outras. Para essas populações, os recursos naturais estão intrinsecamente ligados aos seus modos de ser e viver e são fontes de renda por meio de suas práticas produtivas sustentáveis. Por isso, o fato de estarem ali e de manterem vivas suas tradições já é em si um ato de resistência contra o avanço do desmatamento e de qualquer atividade predatória.
A mestra em ciências ambientais e monitora de campo no PRS – Amazônia, Thatiane Costa, exemplifica como a história e a cultura indígena contribuem para a produção do café ao mesmo tempo que mantém a floresta em pé, no Território Sete de Setembro e na Terra Indígena Rio Branco, em Rondônia.“Cultivar o café consorciado com outras plantas, como os indígenas fazem, melhora a qualidade do solo, reduz erosão e mantém a umidade, protegendo os recursos hídricos. A proximidade com a floresta também é um fator chave na qualidade do café produzido, pois aumenta a presença de polinizadores do café robusta. Em vez de desmatar para expandir a produção, manter a floresta próxima das lavouras ajuda na regulação do microclima e na proteção dos mananciais, e isso os indígenas fazem ancestralmente”, destaca. Ao todo, estima-se que tenha mais de um milhão de produtores(as) rurais em toda a Amazônia, onde muitos deles fazem parte de comunidades tradicionais, trabalhando nas águas, nas florestas e nos campos, segundo o estudo da Fundação Getúlio Vargas ( “Os pequenos agricultores que vivem na Amazônia”, 2019).
Mas toda essa dinâmica de funcionamento na floresta está em risco devido às atividades que degradam o meio ambiente e aceleram as mudanças climáticas, provocando secas prolongadas, incêndios severos e alterações nas sazonalidades dos produtos da sociobiodiversidade. Um impacto sentido diretamente no ciclo de vida das plantas, dos animais e na qualidade de vida das pessoas que vivem e dependem da floresta.
Diante deste cenário crítico, o PRS – Amazônia surge com o compromisso de somar ações para a manutenção da floresta em pé, buscando apoiar seis cadeias produtivas, no Amazonas, Pará e em Rondônia – são nesses estados onde se encontram 18 Organizações Socioprodutivas (OSPs) com mais de 870 famílias produtoras, majoritariamente compostas por povos e comunidades tradicionais. Uma das principais metas do Projeto é fortalecer e expandir as práticas produtivas sustentáveis dessas famílias e das OSPs em que atuam, para alcançar 6.000 hectares manejados de forma sustentável, até 2026.
Uma das associadas, e atuante na OSP APREMARMU, parceira do PRS – Amazônia no Pará, é a Bianca Castro, que compartilha a experiência de trabalhar lado a lado com o Projeto, desde de 2022. “Vocês são uma maré de oportunidades. Vocês vieram, passaram e encheram nossos rios. Vocês mostraram coisas que a gente não conseguia ver. Vocês mostraram um horizonte de oportunidades. Vocês nos ensinaram como liderar uma associação. Então, muito obrigada, não tem como falar. Isso é amor e dedicação”, Bianca compartilhou emocionada.
São pessoas como a Bianca que inspiram o PRS – Amazônia a continuar trabalhando pela floresta, reconhecendo o papel, a cultura e a história de cada povo e comunidade tradicional na missão de contribuir em uma questão que é global: a mitigação das mudanças climáticas.
Conheça as ações do PRS – Amazônia, pelo olhar das OSPs parceiras
Desde 2022, o PRS – Amazônia tem implementado ações para fortalecer as cadeias produtivas e, com isso, fortalecer atividades produtivas sustentáveis mantendo a floresta em pé, com foco na mitigação da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). Nos três estados, estão sendo implementadas ações que vão desde o cultivo e a extração até a comercialização da produção das famílias. Entre seus produtos estão o açaí (PA), cacau (PA), café (RO), peixes redondos (RO), pirarucu de manejo (AM) e a castanha-do-Brasil (AM).
Uma dessas ações é oferecer Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) adaptada ao contexto local e produtivo de cada uma das 18 OSPs parceiras, unindo o conhecimento tradicional das populações a técnicas modernas e sustentáveis para a geração de renda, a qualidade de vida e novas oportunidades de mercado – sempre aliando esse conjunto à conservação da floresta. Para Leonilson Castro, presidente da APREMARMU, organização parceira no Pará, a assistência técnica vai ajudar a produzir mais açaí sem impactar as riquezas naturais. “Com a ajuda dos técnicos, teremos mais aprendizado de como trabalhar de forma correta sem agredir o meio ambiente e produzindo mais”, ele conta.
Além disso, estão sendo construídos planos de fortalecimento de cadeias produtivas, que vão inspirar estratégias de ampliação, diversificação, promoção e divulgação para a inserção dos produtos sustentáveis da sociobiodiversidade amazônica em mais mercados. O seu José Geraldo, da COOPEMON, OSP parceira em Rondônia, participou das atividades para a construção dos planos e compartilhou que, por meio da união com outras organizações que trabalham com a produção de peixes redondos, será possível vencer os desafios da cadeia produtiva. “A gente tem muitos desafios, mas a nossa troca de ideia chegou a um ponto em que percebemos que [os nossos desafios] são comuns a todos. Não está difícil, unindo forças a gente vai!”, conta.
Essa união com as organizações locais também têm resultado na construção conjunta de 18 Planos de negócios, para a definição e implementação de estratégias de curto, médio e longo prazo, com foco no desenvolvimento desses coletivos. Para Jucinete Ferreira, um das coletoras de castanha-do-Brasil, da ACINEPEK, OSP parceira no Amazonas, um dos maiores aprendizados nas atividades foi saber que sua castanha pode valer muito mais do que imaginava, o que vai ajudar a garantir mais renda para a sua comunidade. “Essa oficina foi uma surpresa muito grande! Eu não esperava que o preço da castanha fosse esse preço. Ser maior do que eu pensava! Espero que daqui pra frente, a gente venha dar um preço melhor. “Através de vocês que a gente tá sabendo a qualidade da castanha”, destaca.
O Projeto também se dedica a difundir o conhecimento sobre a importância da Amazônia, com cursos EaD sobre a sustentabilidade no bioma e cadeias produtivas sustentáveis, além do incentivo ao desenvolvimento de pesquisas científicas por meio do Mestrado Profissional. O participante do curso EaD, Luydi Henrique da Silva, do Amapá, destaca que a capacitação o ajudou a entender mais sobre as conexões entre as mudanças climáticas e as cadeias produtivas na Amazônia. “Vi a necessidade urgente de soluções inovadoras e sustentáveis para garantir a produção sem comprometer o meio ambiente. Isso mudou minha perspectiva sobre a importância da integração entre ciência, tecnologia e políticas públicas para enfrentar esses desafios”, ele finaliza.
Juntas, as ações do Projeto buscam promover o desenvolvimento sustentável, inclusivo e integrado na região amazônica, reconhecendo o papel essencial que a floresta desempenha no equilíbrio do planeta.
Confira alguns registros das ações do Projeto na Amazônia

![[FOTO 2] Oficina de ATER na cadeia produtiva da castanha-do-Brasil, no Amazonas](https://prsamazonia.org.br/wp-content/uploads/2025/03/WhatsApp-Image-2025-01-21-at-17.56.05-1-768x576.jpeg)



