Projeto visita OSPs da cadeia do café para a primeira assistência técnica, em Rondônia

O objetivo foi entender mais sobre o contexto local e os sistemas de produção sustentáveis para potencializar a produção do café

Rumo às lavouras de café das comunidades indígenas produtoras de Rondônia para oferecer uma assistência técnica adaptada ao contexto local e produtivo de três Organizações Socioprodutivas (OSPs) parceiras do Projeto Rural Sustentável – Amazônia: a Õtaibit, COOPAITER e a Gap Ey. Esta primeira visita tem como objetivo entender mais sobre as expectativas, os desafios e os anseios das famílias produtoras, para planejar uma ATER que una os saberes tradicionais às oportunidades de mercado e à conservação da floresta. 

Construindo em conjunto com as OSPs do café

Enquanto as novas OSPs se preparam para entrar no PRS – Amazônia, a equipe visitou as três organizações indígenas produtoras de café parceiras  – mais de 20 aldeias e 130 famílias indígenas receberam as visitas de ATER nesta primeira rodada. A rota do café começou com a equipe de campo seguindo viagem para o município de Alta Floresta d’Oeste (RO), a 409 km de distância de Porto Velho (RO), para visitar as famílias produtoras da Associação Indígena Fluvial Õtaibit, do Território Indígena Sete de Setembro. Por lá, o primeiro passo foi aplicar um questionário socioeconômico para entender mais sobre as dificuldades, potencialidades e vontades das organizações, além de identificar os pólos de produção. 

As famílias indígenas da Õtaibit têm uma longa história no consórcio de culturas, uma prática que mantém a umidade do solo e conserva as riquezas naturais. E, agora, muitas delas estão percorrendo a trilha de ATER do Projeto para somar conhecimento e aprimorar suas práticas produtivas sustentáveis. É o que conta a associada Lucineia Tupari, da aldeia Figueira, da Õtaibit. “Faz tempo que a gente planta café, meu esposo se interessava assim por plantar, mas não dava certo, porque não tinha técnica para ensinar. Às vezes, a gente plantava e morria tudo no sol. A gente espera saber plantar mais e cuidar mais, porque vamos ter acompanhamento desses técnicos. Vai ficar bom para nós”, compartilha Lucineia. 

Produtora Lucineia Tupari, da aldeia Figueira, da Õtaibit

Depois das atividades com a OSP, a equipe de campo percorreu mais 100 km de viagem para se encontrar com as famílias da Cooperativa de Produção do Povo Indígena Paiter Suruí (COOPAITER), na Terra Indígena Sete de Setembro em Cacoal (RO). A liderança de produção, Naraykokir Suruí, conta que a OSP tem grandes expectativas com a assistência técnica do Projeto. “Conforme as coisas vão indo, a gente quer melhorar e ampliar, não só na produção do café, mas também nos preços. Então, o Projeto vem para dar assistência técnica aos nossos produtores. […] A gente espera que daqui a um tempo a gente melhore cada vez mais para possamos desenvolver um bom trabalho e buscar mais parcerias”, destaca.

De acordo com a monitora de campo, Thatiane Costa, a cafeicultura indígena tem uma singularidade: ela une o saber tradicional à subsistência e a geração de renda nos territórios indígenas – uma alternativa econômica viável que não compromete os recursos naturais. “Cultivar o café consorciado com outras plantas, como os indígenas fazem, melhora a qualidade do solo, reduz erosão e mantém a umidade, protegendo os recursos hídricos. A proximidade com a floresta também é um fator chave na qualidade do café produzido, pois aumenta a presença de polinizadores do café indígena”, compartilha.

 

A monitora também enfatiza que o grande aprendizado é reconhecer e valorizar, por meio da assistência técnica, o grande esforço das comunidades em produzir de maneira sustentável. “O café das famílias indígenas têm alta qualidade porque respeita o meio ambiente, sem uso de insumos químicos, que contribuem com o processo de polinização e, consequentemente, reflete na qualidade das bebidas de café”, finaliza. 

 
Equipe de campo do Projeto com as famílias da COOPAITER

A produção de café nas terras indígenas de Rondônia, em especial na Gap Ey, COOPAITER e Õtaibit,  acontecem de maneira sustentável há gerações. É um saber tradicional que, unido aos saberes técnicos de cultivo, manejo e beneficiamento, poderá aumentar o potencial de geração de renda para as comunidades. Uma dinâmica local tradicional que valoriza o território, fortalece a economia das comunidades e ajuda na conservação da floresta e no combate às atividades predatórias. 

Confira as próximas etapas da trilha de ATER 

 

Após finalizar as visitas, as informações coletadas serão sistematizadas e compiladas em um diagnóstico com as principais potencialidades, desafios e anseios das OSPs. O material será uma fonte de inspiração importante para oferecer uma ATER adaptável aos objetivos das organizações, aliada às oportunidades de mercado e à conservação da floresta. 

Veja alguns registros das atividade de assistência técnica na cadeia do café 

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