Criar e desenvolver um espaço de diálogo e escuta ativa: esse é o intuito principal da rodada de visitas do Projeto Rural Sustentável – Amazônia em cada Organização Socioprodutiva (OSPs) parceira que participará das atividades propostas ao longo do Projeto. A primeira delas foi em Rondônia, com OSPs das cadeias produtivas do café e de peixes redondos.
A partir das visitas foi possível conhecer um pouco mais sobre o histórico das OSPs, o contexto das famílias, os desafios de produção, de escoamento, dificuldades e percepções da organização em si. Conheça um pouco mais sobre cada uma delas abaixo!
Cadeia produtiva do café
Associação Gap Ey
A OSP possui um total de 144 associados, destes 54% são mulheres e 30% são jovens e todos os membros são compostos por populações tradicionais. Foram selecionados para trabalhar com o PRS-Amazônia 36 famílias, sendo que 5% destas são representadas por mulheres.
A comunidade já havia criado o museu Paiter em 2016, com uma gestão coletiva em que as mulheres tiveram protagonismo nas ações desenvolvidas. Com este fortalecimento cultural, criaram, em 2018, a Associação Gap Ey, para que tivessem autonomia para o desenvolvimento de suas atividades em questões culturais, política, preservação do território, e práticas produtivas sustentáveis alinhadas com os costumes tradicionais. É uma comunidade indígena formada por famílias de três aldeias distintas: aldeia Gapgyr, aldeia Betel e aldeia Payamaa.
Cooperativa de Produção do Povo Indígena Paiter Suruí (COOPAITER)
Com o objetivo de fortalecer as atividades econômicas das famílias, a COOPAITER foi criada em 2017. Organizar as atividades extrativistas e produtivas do café e da castanha do brasil para promover atividades sustentáveis no território foi o caminho encontrado por lideranças do povo Suruí com apoio de algumas instituições parceiras (Ministério da Justiça, do Ministério Público Federal, Funai, Polícia Federal e poder público municipal).
Em 2018, legalmente constituída e apoiada pelo governo do estado de Rondônia, surgiu a parceria com a EMATER para produção de cafés de qualidade. Neste mesmo ano, um indígena Suruí foi premiado no concurso de qualidade do café do estado de Rondônia. Com isso, firmaram parceria com a empresa 3 Corações para comercializar a safra de 2019 por meio da cooperativa – parceria essa que se mantém até atualmente.
Associação Indígena Fluvial Õtaibit
Buscando um formato legal para representar as famílias residentes nas aldeias de acesso fluvial por meio da afinidade de objetivos específicos, foi criada a Associação Indígena Fluvial Õtaibit em 2016, que atende famílias de nove comunidades.
O nome Õtaibit significa arco íris na língua Tupari, e foi sugerido pelas mulheres da comunidade. Todo processo de legalização ocorreu com apoio voluntário de um advogado de Alta Floresta do Oeste. Os representantes da organização afirmaram que o principal objetivo é melhorar a qualidade de vida dos associados.
Cadeia produtiva de peixes redondos
Cooperativa dos produtores de peixe de Monte Negro (COOPEMON)
Desde a criação, a COOPEMON tem investido em tecnologia e treinamento dos colaboradores, o que lhe permite atuar com agilidade e eficiência em todas as áreas de atuação. A OSP possui um total de 34 agricultores familiares cooperados. Foram selecionados para atuar com o PRS-Amazônia 31 famílias, sendo que 5% destas são chefiadas por mulheres.
Os participantes da OSP possuem amplo conhecimento na atividade da piscicultura: eles já desenvolviam a atividade mesmo antes da fundação da cooperativa. Com isso, são desenvolvidas atividades de apoio à aquicultura em água doce. Um diferencial é que essas práticas acontecem dentro do terreno da cooperativa, com espaço previsto para construção de unidade de beneficiamento e fábrica de ração.
Colônia de pescadores e aquicultores Z-1 Tenente Santana
São 42 anos de história e de atuação da Colônia Z-1 Tenente Santana, com amplo conhecimento sobre pesca artesanal. Situada no perímetro urbano de Porto Velho, são 4 mil associados envolvidos no Projeto, todos membros de populações tradicionais. Dessas 32 famílias, 46% destas são chefiadas por mulheres. Elas estão distribuídas em três núcleos do território, sendo eles: Baixo Rio Madeira, Vila Teotônio e Distrito de Jaci-Paraná.
A OSP possui equipamentos para o processo produtivo, como lançadores de ração, redes e apetrechos para despesca, galpão para armazenar a ração e outros insumos, caixas para transporte de peixes, cestão de despesca, balança, kits de análise de água, entre outros.
Além de Rondônia, também há OSPs que trabalham com as cadeias produtivas de cacau e açaí, no Pará, e com pirarucu de manejo e castanha-do-Brasil no Amazonas. Não perca!