Estudantes do Mestrado Profissional participam da 3º semana de aulas presenciais, em Tefé (AM)

O objetivo foi conhecer abordagens para resolução de desafios e colocar em prática com a comunidade indígena Nova Esperança do Povo Kokama

Seguimos para a terceira semana de aulas presenciais para enriquecer a jornada de aprendizagem de 20 estudantes do Mestrado Profissional, realizado pelo Projeto Rural Sustentável – Amazônia em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA). Neste mês, o destino foi o município de Tefé (AM), onde os mestrandos e mestrandas tiveram a oportunidade de mergulhar nas particularidades do contexto amazônico para entender como cada parte pode se conectar para o desenvolvimento sustentável da região. Os(as) estudantes ainda trabalharam conjuntamente com uma das Organizações Socioprodutivas (OSPs) parceiras, onde refletiram sobre caminhos para garantir mais renda, qualidade de vida e fortalecer boas práticas de conservação da floresta. 

A lição da semana: ter um olhar estratégico para pensar soluções que façam sentido para a região amazônica 

A terceira semana de aulas presenciais do Mestrado Profissional aconteceu na região do Médio Solimões, no Instituto Mamirauá – onde a ciência, a tecnologia e a inovação se unem pela conservação da Amazônia. Foi nesse lugar inspirador que o grupo de estudantes experienciou a disciplina “Bases Metodológicas para Pesquisa, Diagnóstico e Planejamento do Desenvolvimento Local”, conduzida pelos professores do PPGEDAM/UFPA: Dr. Norbert Fenzel, Dr. Aquiles Simões e a Dra. Rosana Maneschy. 

Um dos objetivos foi aplicar metodologias para resolução de desafios complexos da Amazônia, com a tarefa de olhar para o todo e, ao mesmo tempo, para cada parte que compõe o contexto local, entendendo como tudo se conecta. A ideia é a partir dessa visão sinérgica conseguir pensar em caminhos para o desenvolvimento sustentável que façam sentido para as comunidades locais e para o bioma. A gerente do Mestrado, Denise Agustinho, destaca um dos momentos de troca em sala de aula. “A discussão coletiva da pergunta e dos objetivos de pesquisa de cada mestranda/o foi um momento de muito aprendizado sobre os principais pontos de atenção no processo de construção da investigação científica”, ela conta. 

Mestrandos e mestrandas do PRS - Amazônia, no Instituto Mamirauá

As aulas presenciais ainda oportunizaram um tour pelo Instituto Mamirauá, onde os(as) estudantes revisitaram o passado amazônico por meio da arqueologia – vendo de perto os achados de pesquisas que contam a história de povos originários de mais de três mil anos. A estudante Marta Suely conta um pouco da sua experiência:“estar no espaço do Mamirauá foi para mim o melhor dos presentes da vida […].Se temos hoje a farinha, o cultivo da mandioca, a tapioca, o maracujá, o cacau e tantos outros produtos que circulam em nossas mesas e comércio, devemos isso a estes povos [originários]”, ela destaca.

Da sala de aula para a comunidade indígena Nova Esperança

Já que a disciplina foi sobre encontrar caminhos e metodologias para pensar em soluções considerando o contexto local, os mestrandos e mestrandas partiram em direção a Associação Comunitária Indígena Nova Esperança do Povo Kokama da Barreira da Missão de Baixo (ACINEPEK). O intuito foi conhecer mais sobre a cadeia produtiva da castanha-do-Brasil e refletir sobre os desafios enfrentados pela comunidade para garantir mais renda, qualidade de vida e conservar a floresta. Para isso, as lideranças indígenas levaram os(as) estudantes até os castanhais, à casa de farinha e ao barranco de terras caídas da comunidade, e juntos aplicaram a abordagem de “sistemas suaves”. O intuito foi identificar os principais desafios, as etapas da produção e entender mais sobre a dinâmica da região com um todo. 

Uso da abordagem sistêmica para compreender com a comunidade local aspectos desafiadores do desenvolvimento rural local

A mestranda Marta Suely, que  também é coordenadora de formação da Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP) – OSP parceira do Projeto pela cadeia do cacau, relatou que esses dias foram importantes para ampliar sua visão sobre o território amazônico e, com isso, aplicar os aprendizados na sua pesquisa e no contexto da organização socioprodutiva em que atua. “Estou no mestrado dentro dessa dinâmica de busca por modelos de desenvolvimento que incluam a agenda dos povos das águas e das florestas na pauta da política pública […]. O campo foi como se estivesse vivenciando tudo o que estudamos durante a semana. Talvez seja por isso que me senti tão em casa, ali com os indígenas Kokama”, ela conta.  

Marta compartilhou que se emocionou diversas vezes ao longo da semana porque as atividades foram ao encontro de sua história de luta pela preservação e conservação da floresta. “Nesta disciplina, foi possível compreender que é necessário olhar para a complexidade das coisas, fatos, acontecimentos dando o lugar de importância para a dinâmica que os problemas ambientais produzem no Planeta, e que uma análise razoável de determinada realidade a partir da Teoria de Sistema Complexo nos possibilita definir e realizar uma pesquisa”, ela destaca.

Mestranda Marta Suely, na comunidade Nova Esperança do povo Kokama. Local onde os indígenas iniciam os jogos interculturais.

Ao longo de toda a semana, os mestrandos e mestrandas puderam refletir juntos sobre os caminhos para o desenvolvimento rural local que dialoguem com as particularidades da região amazônica, a partir de seus respectivos objetivos de pesquisas. Ao final do Dia de campo, os(as) estudantes compartilharam seus aprendizados uns com os outros e com a comunidade indígena Nova Esperança do povo Kokama, o que enriqueceu ainda mais a terceira semana de aulas presenciais do Mestrado.

Relembre a trajetória dos 20 mestrados e mestrandas até agora

Em 2024, 20 mestrandos e mestrandos deram continuidade a sua jornada acadêmica com o desenvolvimento de pesquisas sobre gestão ambiental e cadeias produtivas sustentáveis na Amazônia. E com o objetivo de aproximar a sala de aula do território, o Mestrado Profissional oportunizou aos estudantes aulas presenciais nos três estados de atuação do Projeto para se aprofundarem no contexto local e nas cadeias produtivas abrangidas.

Além da semana presencial em Tefé (AM) e a troca de conhecimento com o povo indígena Kokama, os(as) estudantes vivenciaram experiências enriquecedoras em outros dois estados. No Pará, conheceram os desafios e oportunidades das cadeias produtivas do cacau e açaí e viram de perto algumas das estratégias de empreendedorismo da unidade produtiva da Casa do Chocolate, na Ilha do Combú (PA). Já em Rondônia, aprenderam mais sobre a importância das políticas públicas e do direito ambiental para alavancar a produção local, e mergulharam nas práticas sustentáveis de uma base de produção de alevinos de tambaqui, a Biofish.

Um dos principais objetivos do Mestrado Profissional é exatamente esse: conectar o conhecimento passado na sala de aula com a realidade e as diferentes particularidades da região amazônica. A pós-graduação tem duração de 18 a 24 meses, sendo três semanas de aulas presenciais, na qual os estudantes terão a oportunidade de desenvolver pesquisas para contribuir com o desenvolvimento integrado e, acima de tudo, sustentável da região. 

O Mestrado Profissional é uma das ações do Programa de Capacitação do PRS – Amazônia, saiba mais.

Confira alguns registros da semana

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