Geleias, licores, barras de chocolate e muitas oportunidades de unir geração de renda e sustentabilidade! Do dia 5 a 8 de junho, aconteceu a Feira do Cacau e Amazônia e Flor Pará, em Belém (PA), um dos maiores encontros de produtores, expositores e marcas de chocolate da região. Um momento também das três Organizações Socioprodutivas (OSPs) parceiras do Projeto Rural Sustentável – Amazônia, pela cadeia do cacau, divulgarem seus produtos, adquirir conhecimento, aumentar a renda e se conectar às oportunidades de mercado.
Com uma produção de 152 mil toneladas de amêndoas só no último ano, o Pará se consolida como o maior produtor de cacau do Brasil, segundo dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA, 2024). Essa é a soma do trabalho de mais de 30 mil produtores e produtoras que têm no fruto a sua fonte de renda, aliando sustento à valorização do conhecimento ancestral e conservação da floresta. Algumas centenas desses produtores e produtoras fazem parte da Associação das Mulheres Produtoras de Polpa de Fruta (AMPPF), do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Município de Altamira (STTR) e da Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP) – OSPs parceiras do Projeto, que participaram da Feira de cacau e chocolate Amazônia, na última semana.
A feira é uma das grandes eventos do ano, no qual produtores e produtoras do estado têm a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos na cadeia produtiva, durante fóruns de discussão da cacauicultura e minicursos de beneficiamento. Além disso, podem expor seus produtos nos estandes para aumentar a renda com a venda de produtos que conectam ancestralidade, sustentabilidade e dedicação. São exemplos disso, a dona Josefa, o seu Cláudio e a dona Jiovana, produtores das OSPs parceiras.
Conheça 3 dos mais de 30 mil produtores e produtoras de cacau do Pará
A Dona Josefa é uma das produtoras do estado que trabalha com o cultivo e beneficiamento do cacau há anos. No seu dia a dia, ela busca aliar a produtividade com a conservação dos recursos naturais na pequena propriedade onde vive, em São Félix do Xingu (PA), assim como busca conciliar a profissão de produtora às suas atividades enquanto presidente da AMPFF, composta majoritariamente por mulheres agricultoras.
Para ela, a parceria com o Projeto tem trazido oportunidades de adquirir conhecimentos importantes na lida com o cacau, aumentar a renda e de participar de atividades como a Feira.“Esse evento tem sido gratificante. Estou levando um grande aprendizado para a nossa comunidade. Cada vez que a gente vem, a gente aprende coisas novas, e essa é a nossa meta. Nós já tínhamos um plano de expandir o cacau e, com o PRS – Amazônia apoiando, vai ser muito melhor, incentivando mais pessoas. Até agora, mais de 33 famílias já voltaram a produzir o fruto na nossa comunidade. O cacau tá sendo o carro chefe”, ela compartilha.
A mais de 1.500 km de distância da propriedade da dona Josefa, mora mais um produtor de cacau do estado e também associado da STTR, o seu Cláudio Aquino, residente no município de Altamira (PA). Foi em um festival como esse que Cláudio levou pela primeira vez sua amêndoa para a prova de corte, com o objetivo de avaliar a qualidade da sua matéria-prima. Segundo ele, a amêndoa deu 76% de fermentação, um pontapé para iniciar uma história cheia de frutos e vendas, no dia a dia e em outros festivais. “Para a feira, eu trouxe coquetel de cacau, chocolate branco e branco com nibs – os mais procurados do mercado. Agora, é só agradecer a Deus por um momento tão maravilhoso como esse”, conta seu Cláudio, animado.

Ele chegou a compartilhar que seu maior sonho agora é ver seus vizinhos também aprimorando a produção de cacau e de ter oportunidades como essa para expor seus produtos. “Daqui por diante, meu desejo é que as famílias produtoras, meus vizinhos consigam buscar conhecimento, para que a gente possa, juntos, agregar valor à produção e produzir muito mais coisas que se pode fazer com o cacau”, disse.
A Feira também trouxe de longe a produtora Jiovana Lunelli, do município de Brasil Novo (PA), a mais de 500 km de Belém (PA). Mas a longa distância não a impediu de levar para o evento uma variedade de produtos, como cupuaçu desidratado e chocolates combinados com babaçu, cumaru, castanha-do-Brasil, além dos chá e licores, expostos no seu próprio estande. A produtora é uma das associadas da FVPP e dona da Cacau Xingu, a primeira marca de chocolate artesanal produzido com cacau orgânico da Transamazônica e Xingu.

Para a produtora, a parceria com o Projeto tem sido importante em todas as etapas da sua produção – desde o cultivo, beneficiamento até a comercialização, como destaca. “A parceria com o PRS – Amazônia é importante porque ela traz assistência técnica, o acompanhamento que precisamos e a divulgação dos nossos produtos. É importante que estejamos neste espaço, mostrando a parceria que temos enquanto agricultores familiares e povos da Amazônia”, ela conta.
Um dos objetivos do Projeto é oferecer às organizações uma Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) adaptada ao contexto local e que dialogue com seus objetivos, além de uma assistência técnica organizacional com foco em potencializar a produção, ampliar o acesso a novos mercados e gerar renda de forma sustentável, aproveitando oportunidades como a Feira do Cacau e Chocolate Amazônia e Flor Pará.
Para Cláudia Olimpo, monitora de campo pela cadeia do cacau, participar da feira é uma forma de ampliar a visibilidade das famílias agricultoras e, mais, dialoga diretamente com os objetivos do Projeto de aumentar a renda de quem produz pensando no meio ambiente. “Vir a esta feira conversa com as ações do Projeto porque apoiamos uma agricultura sustentável de baixo carbono, fortalecendo as organizações socioprodutivas na cadeia do cacau , para que consigam divulgar e vender seus produtos. E esse é um passo importante porque dá visibilidade para os nossos agricultores, que têm essa base familiar como o seu principal sustento e estilo de vida”, finaliza.
No Pará, o PRS – Amazônia trabalha com as cadeias produtivas do açaí e do cacau, desde o cultivo e extração até a comercialização. Na cadeia do cacau, a parceria é com 4 organizações locais e mais de 190 famílias produtoras e agroextrativistas que as compõem – muitas delas lideradas por mulheres e jovens e pertencentes a comunidades tradicionais. Além disso, com a extensão do projeto, 3 novas organizações da cadeia do cacau, junto de 170 de suas famílias, irão se somar ao projeto.
Veja mais registros da Feira






