Momentos de trocas inspiradoras para traçar ações de curto, médio e longo prazo que dialoguem com os objetivos de cada uma das 18 Organizações Socioprodutivas (OSPs), parceiras do Projeto Rural Sustentável – Amazônia! Esse foi o objetivo de mais uma rodada de oficinas para a construção dos Planos de Negócios, realizados nos últimos meses, no Amazonas, Pará e em Rondônia. Além de definir as ações, as OSPs também puderam mapear onde podem ser feitos investimentos e melhorias para o desenvolvimento coletivo.
Nesta rodada de oficinas, os diagnósticos com as lacunas, oportunidades e aspirações – construídos e validados nos encontros anteriores – ajudaram a elaborar o Plano de Ação e a mapear as possibilidades de investimento que contribuirão para o desenvolvimento de cada organização. No futuro, as OSPs poderão acessar até R$300 mil para investir em infraestrutura e/ou bens e serviços que possam ser usados por todos. Também poderão acessar até R$100 mil em serviços e consultorias adicionais para fortalecer as organizações – que é chamado no Projeto de Assistência Técnica Organizacional (ATO). Um dos pré-requisito é que esses benefícios coletivos estejam especificados no Plano de Negócio como um investimento que atenda a toda a comunidade da organização.
No Amazonas, a juventude esteve presente nas oficinas, contribuindo na priorização de ações voltadas à potencializar a produção e o acesso a novos mercados
Durante os meses de novembro e dezembro, a equipe de campo do Projeto percorreu os municípios de Maraã, Manicoré e Tefé para mais uma oficina de Planos de Negócios, com quatro OSPs parceiras no estado do Amazonas. Na cadeia produtiva da cadeia da castanha-do-Brasil, estiveram presentes os(as) membros(as) da Associação de Produtores Agroextrativistas da FLONA de Tefé e Entorno (APAFE), a Associação Comunitária Indígena Nova Esperança do Povo Kokama da Barreira da Missão de Baixo (ACINEPEK) e a Associação de Moradores Agroextrativistas da Comunidade de Repartimento. Já na cadeia do pirarucu de manejo, participaram a Associação dos Produtores Rurais do Setor São José (APSSJ) . As próximas oficinas serão realizadas com a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC) e a Associação do Povo Deni do Rio Xeruã (ASPODEX).
Não só o Seu Antônio, mas as comunidades que atuam na cadeia da castanha, com um todo, estiveram empenhadas em contribuir para que mais possibilidades de desenvolvimento surgissem no decorrer das oficinas. É o que conta a Coordenadora de campo, Flávia Alessandra, sobre o grande interesse dos(as) comunitários(as) em participar ativamente das atividades do Projeto.“Na oficina com as OSPs da castanha, o que me mais me chamou a atenção foi a presença e participação. A juventude, por exemplo, está buscando entender melhor o Projeto para conseguir participar de forma mais ativa. A maioria deles está na diretoria e isso faz com que eles queiram saber bem mais”, ela destaca.
Já na cadeia do pirarucu de manejo, houve uma grande representatividade de jovens, mulheres e homens durante os encontros. Isso tudo contribui para a definição de ações estratégicas que refletem o contexto das OSPs.“Na cadeia do pirarucu houve um grande número de participantes, batemos mais de 40 pessoas em cada dia. Isso ainda não tinha acontecido nas oficinas passadas, e esse número mesclava entre homens, mulheres e jovens. Vi o interesse deles pelo Projeto e o esforço para querer entender e participar, pois muitos moravam em comunidades distantes e foram e voltaram no mesmo dia”, conta a coordenadora de campo Flávia Alessandra.
Após colher essas e outras impressões das OSPs, do que seriam ações estratégicas relevantes para a organização, a equipe do Projeto fará a sistematização delas no Plano de Ação. Com base neles, será possível ter indícios de onde e no quê investir.
Veja alguns registros com as OSPs!
OSPs de Rondônia destacam a importância para construir, conjuntamente, uma visão de futuro enquanto OSPs
As oficinas realizadas com a OSPs das cadeias do café e de peixes redondos oportunizaram diversos momentos de colaboração para a priorizar as ações que podem fortalecer as organizações locais e o seu potencial competitivo, da produção até a comercialização. Na cadeia do café, participaram das oficinas a Associação Gap Ey, a Cooperativa de Produção do Povo Indígena Paiter Suruí (COOPAITER) e a Associação Indígena Fluvial Õtaibit, enquanto na cadeia de peixes redondos a Cooperativa dos produtores de peixe de Monte Negro (COOPEMON) e a Colônia de Pescadores e Aquicultores Z-1 Tenente Santana marcaram presença e trouxeram contribuições valiosas.
Segundo Geovanna Lemos, monitora de campo, os possíveis caminhos para investimentos que beneficiarão o coletivo ganharam destaque nas rodas de conversas. “Durante as oficinas com as OSPs de peixes redondos, conversamos bastante sobre os possíveis investimentos, sobre o modelo da máquina para produção da ração, capacidade produtiva, formulação da ração, demanda de ração pelos cooperados, entre outros”, destaca Lemos.
A Samia Lima, piscicultora na COOPEMON, trabalha com o tambaqui há dez anos e conta que está na expectativa para as próximas etapas das oficinas. “Estamos na expectativa do benefício coletivo e como vamos dar prosseguimento aos planos. E [como mulher] acredito que a nossa participação é muito importante nesse processo, porque temos uma sensibilidade maior para pensar em melhorias para o beneficiamento, para os cortes, na questão das embalagens e por aí vai”, ela conta.
Na cadeia produtiva do café, as OSPs refletiram sobre as prioridades e ajustaram as estratégias, conforme seus objetivos – como conta a monitora de campo, Thatiane Costa.“Na Coopaiter, por exemplo, os participantes fizeram o exercício de amadurecer os projetos que estão em andamento, se as ações estão conectadas com os objetivos. Na Associação Gap Ey, os participantes puderam ver as ações alinhadas com os objetivos, distribuídas ao longo do tempo, então, puderam ordenar melhor, quais são as prioridades da comunidade, e qual o esforço que terão que fazer para evoluir”, ela finaliza.
Esses e outros diálogos serão compilados e ajudarão na construção dos Planos de Ação de cada uma das OSPs, tanto das cadeias de peixes redondos, como da cadeia do café. Assim, as organizações conseguirão ter uma visão clara do futuro sobre onde querem chegar e como investir.
Confira alguns registros!
OSPs do Pará destacam a importância das oficinas para a estruturação organizacional
No Pará, a equipe de campo do Projeto se reuniu com as OSPs das cadeias do açaí e do cacau em cinco encontros, realizados em Cametá, Abaetetuba, Acará, Igarapé-Miri e São Félix do Xingu, para coletar informações para a construção dos Planos de Ação, com as estratégias de curto, médio e longo prazo. Entre as OSPs da cadeia do açaí, estiveram presentes: a Associação de Preservação do Meio Ambiente do Rio Mupi (APREMARMU), a Associação Multissetorial dos Empreendedores de Beja (AMSETEB) e a Associação dos Moradores e Agricultores Remanescentes de Quilombolas das Comunidades de Santa Quitéria e Itacoãozinho (AMARQUISI). Já na cadeia do cacau, participaram a Cooperativa Agrícola dos Empreendedores Populares de Igarapé Miri (CAEPIM) e a Associação das Mulheres Produtoras de Polpa de Fruta (AMPPF). As próximas oficinas serão com a Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP) e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Município de Altamira (STTR).
Os encontros com as OSPs da cadeia do açaí trouxeram importantes aprendizados e reflexões sobre quais caminhos percorrer. A Daniele dos Santos, associada da AMARQUISI, compartilha a sua experiência. “Depois que vocês vieram até nós, houve uma reestruturação da associação. A gente tem condições de aumentar, de ampliar e de conseguir caminhar com as nossas próprias pernas. Mas a gente precisava de auxílio e é o que vocês estão dando. Então, a gente só tem a agradecer a vocês. Obrigada pelas oficinas, obrigada pelas orientações!”, conta Daniele.
A Coordenadora de campo, Carla Furtado, destacou a harmonia entre os objetivos das organizações da cadeia do açaí e a necessidade de fortalecer aspectos organizacionais para impulsionar o desenvolvimento coletivo. “Durante as oficinas observei que as três OSPs do açaí têm objetivos em comum e muito bem alinhados, quase não houve divergências nas falas entre os associados e dirigentes, o que facilita a dinâmica da atividade numa abordagem mais eficiente e eficaz objetivando um denominador comum. Outro ponto que vale ressaltar é sobre o aspecto “estrutura organizacional” das OSPs, na qual estão bem estabelecidas no território, porém precisam de ações voltadas à estruturação organizacional. Isso mostra o quanto será importante a Assistência Técnico Organizacional (ATO) para essas OSPs”, destaca.
Segundo a monitora de campo, Bruna Luz, não foi diferente na cadeia do cacau. “As trocas durante as oficinas na cadeia do cacau foram enriquecedoras. Esse momento é importante para que as OSPs reflitam enquanto organizações e avancem na realização dos seus sonhos mais antigos, mas que, por meio do trabalho conjunto, são possíveis de realizar!”, finaliza.
Veja que participou com a gente!
O que vem por aí
O próximo passo é sistematizar as informações coletadas para a elaboração e validação do Planos de Investimentos! Os diagnósticos, os planos de ação e de investimentos são etapas importantes para a construção de Planos de Negócios que representem o contexto e os objetivos de cada OSP, com o objetivo final de transformar suas aspirações em ações concretas.
Continue acompanhando as ações do Projeto, para saber mais!