Da sala de aula para o campo: na última quinta (12), os 20 alunos e alunas do Mestrado Profissional, em parceria com a UFPA, participaram do primeiro Dia de Campo do Projeto, nas unidades produtivas e de beneficiamento do cacau e açaí, na Ilha do Combú (PA). O propósito é aprofundar o conhecimento dos(as) estudantes nas cadeias produtivas apoiadas pelo Projeto Rural Sustentável – Amazônia, e conectar o conhecimento científico às práticas produtivas tradicionais das comunidades locais.
O dia foi para conhecer as áreas de cultivo do cacau na região, as instalações de beneficiamento da amêndoa do cacau até o chocolate, o ponto de venda, as atividades turísticas associadas, e conhecer um pouco da área de cultivo do açaí. A Gerente do Mestrado Profissional, Denise Agustinho, conta que a visita proporcionou aprendizados e trocas de conhecimento entre os(as) estudantes. “Conhecemos um pouco da história e da estratégia de empreendedorismo da unidade produtiva conhecida como Casa do Chocolate – Filhas do Combú! Curioso como essa experiência ativou a memória de alguns(mas) mestrandos(as) que vivenciaram esse fazer e esse saber sobre o processamento tradicional do cacau arraigado em suas comunidades. Uma riqueza esquecida!”, ela conta.
A Ilha do Combú é a quarta maior ilha do Pará e fica entre as águas do Rio Guamá, a cerca de 15 minutos de barco de Belém. Grande parte da população local é formada por ribeirinhos, onde trabalham com o turismo, agroextrativismo e atividades de lazer. A Ilha abrange cinco comunidades: Rio Beira do Guamá, Furo do Benedito, Igarapé do Combu, Furo da Paciência e Igarapé do Piriquitaquara.
A Gerente do Mestrado compartilha que a visita também foi para conhecer, de perto, como as unidades conseguem transformar os desafios do dia a dia em soluções sustentáveis, que beneficiam a região.“Na Ilha, observamos o sistema de captação de água das chuvas que abastece a unidade produtiva, o que é muito importante, pois a Ilha sofre de grave insegurança hídrica. A comunidade desenvolveu essa solução de alternativa de água potável, em parceria com a UFPA”, destaca.
Um outro exemplo foi a instalação de biodigestores para a transformação de resíduos em gás de cozinha. “Vimos também as instalações dos biodigestores que transformam os resíduos orgânicos e produzem gás para a cozinha, além do composto orgânico, utilizado como adubo. Também chamou a minha atenção que as atividades produtivas e turísticas na Ilha se mostram como importantes alternativas sustentáveis, assim como as iniciativas de empreendedorismo de base comunitária, porém com ainda muito espaço para fortalecimento do associativismo”, complementa.
Reinaldo Marinho, o novo aluno do Mestrado Profissional, compartilha como está sendo o Mestrado e como foi a sua primeira semana de aula presencial. “A primeira semana do mestrado está sendo bastante imersiva, eu vejo as práticas acadêmicas fazendo conexão com o nosso campo de atuação. E eu acredito que essas informações repassadas, tanto em sala de aula como na visita técnica nos territórios, estão contribuindo bastante para que possamos refletir sobre como conectar os aprendizados que temos, com os saberes das comunidades, desses territórios, dos quais nós estamos inseridos como agentes locais”.
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Voltando às origens com o Mestrado Profissional
Reinaldo Marinho é um dos 20 alunos do mestrado, é filho de pescador e nascido na comunidade ribeirinha do Rio da Ilha, município de Alenquer(PA), que fica no interior do estado do Pará. Graduado em Produção Pesqueira, para ele o Mestrado Profissional é uma oportunidade de aperfeiçoar o seu conhecimento e de contribuir, agora, de uma outra forma, com a sua comunidade e com a região amazônica.
“Eu vivi muito no ambiente de pesca e, posteriormente, tive a oportunidade de fazer uma graduação na área de Produção Pesqueira […]. Então, essa relação avança em um outro campo, de onde eu possa contribuir com essas populações, agora, na parte de orientação técnica, de formação, de uma forma diferente. A partir do que a gente tá visualizando agora aqui nas aulas, conectando com que a gente vive nas nossas práticas, eu considero que a gente tá voltando um pouco às nossas origens, eu particularmente”.
Segundo ele, o Mestrado Profissional é também uma oportunidade de ampliar o olhar sobre os diversos contextos da Amazônia, além de ser uma ponte entre o ambiente acadêmico e quem tá ali, diariamente no campo. Uma conexão de saberes que pode promover o desenvolvimento, de fato, sustentável na Amazônia.
“Eu acredito que o Mestrado Profissional significa uma oportunidade de capacitação, mas também de aperfeiçoamento de outros olhares sobre as diversas realidades que a gente tem na Amazônia. Também é uma oportunidade de refletir, a partir das nossas práticas, sobre como contribuir com os territórios nos quais nós estamos inseridos. Sempre valorizando o conhecimento das pessoas que estão inseridas naquele local. Sempre partindo de uma organização que está ali há muito mais tempo”, destaca.
Conheça o Mestrado Profissional
O Mestrado Profissional foi desenvolvido para beneficiar quem faz parte do PRS – Amazônia, como produtores(as), agroextrativistas, comunidades tradicionais e povos indígenas, agentes de assistência técnica, gestores(as) públicos e demais envolvidos nas seis cadeias produtivas fortalecidas no Amazonas, Pará e em Rondônia. Ao todo, 20 pessoas ingressaram na pós-graduação, e agora terão a oportunidade de desenvolver pesquisas em gestão ambiental e cadeias produtivas sustentáveis na Amazônia.
O Mestrado é uma parceria do PRS – Amazônia com a Universidade Federal do Pará (UFPA). É gratuito e tem duração média de 18 a 24 meses, com três semanas de aulas presenciais nos três estados de atuação do Projeto. Além do Pará, estão previstas aulas presenciais em Rondônia, em novembro de 2024, e no estado do Amazonas, em fevereiro de 2025.
O Mestrado Profissional é uma das ações do Programa de Capacitação do PRS – Amazônia, saiba mais.